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dãos e associações devem avançar na garantia dos
direitos fundamentais. Os direitos devem ser atuali-
zados porque as conquistas sociais avançam”.
Jurista Marco Aurélio Marrafon:
“O simpósio está sen-
do realizado em um momento que beira a convulsão
social no país. E que, em meio à crise institucional, es-
tamos em um momento onde as narrativas se sobre-
põem, criando uma ‘Era da Pós-Verdade’. Perdeu-se a
noção do que é certo ou errado. Cada um despeja suas
verdades nas redes sociais sem a menor responsabilida-
de, muitas vezes exigindo justiça social, mas subjugan-
do o próximo. É preciso que as pessoas se mobilizem e
que a academia desça do seu castelo, para fazer com
que o país volte ao trilho certo. A política de slogans
está ligada ao modelo institucional que temos hoje e o
modelo que desejamos para o futuro. Muitas vezes, na
hora de enxergar um caminho, muitos preferem olhar
para trás. Por isso, revelam-se necessários urgentes
mecanismos de renovação e oxigenação. É preciso me-
nos intolerância e mais participação. É preciso conectar
pessoas, e não fomentar atitudes antidemocráticas”.
Professora Fernanda Tartuce:
“O conflito construtivo
é uma alternativa quando a conversa é conduzida com
modo e tempo adequados. Há um ditado que diz que
começar já émetade do caminho; namediação isso está
muito presente. A tolerância e a participação de todos
os envolvidos também são vitais para que o conflito
seja conduzido de maneira construtiva. Na negociação
com os caminhoneiros grevistas vimos como o não en-
volvimento de todos pode emperrar a mediação”.
Professor Ricardo Lodi Ribeiro:
“É difícil entender o
Brasil dos dias atuais sem pensar no contexto inter-
nacional. Vivemos num mundo globalizado com livre
circulação de ideias e capitais, mas com seres huma-
nos aprisionados nos Estados nacionais, com desa-
fios gravosos de enfrentar as questões sociais do
século XXI. A desigualdade social latino-americana é
outro grande desafio do mundo globalizado, mesmo
considerando que o mal foi atenuado no Brasil na úl-
tima década. Ainda somos o 10º país mais desigual
do mundo e o terceiro na América Latina. Conside-
ro a recente alta das commodities e a desaceleração
do crescimento chinês como problemas pressões do
mundo globalizado”.
Professora Paula Andréa Forgioni:
“Não se pode fa-
lar em livre iniciativa sem falar em legalidade. O Di-
reito Econômico deve andar de mãos dadas com a
economia em si. Não devemos esperar os incentivos
dos agentes econômicos, o Direito que deve moldar
o comportamento do agente econômico. É impor-
tante que o Direito retome seu papel de liderança na
organização jurídica do sistema econômico. Quando
falamos em empresa e mercado, temos que enten-
der que isso tudo se desenvolve por força da consti-
tuição do direito. Em concorrência o mercado dá cer-
to. Não se pode esperar bondade das empresas, que
existem para dar lucro”.
Jurista Fernando Scaff:
“É comum a todos falarmos
em democracia nas últimas três décadas. Os otimis-
tas têm razão em certos aspectos quando dizem que
há avanços em nossa democracia. O uso dos recur-
sos públicos deveria ser prioritariamente voltado
para redução das desigualdades sociais e regionais.
Não há democracia entre desiguais. Apenas a redu-
ção das desigualdades pode fazer com que haja uma
democracia efetiva para todos. O orçamento brasi-
leiro, porém, não caminha neste sentido. Aqui já ve-
rificamos tem um desvio grande: muitos pagam no
consumo, mas poucos pagam sobre a renda e a pro-
priedade. Então, na ótica da receita já há uma detur-
pação: paga mais quem ganha menos. É hora de fa-
zermos algo. E esse algo é combater o capitalismo de
O FUTURO DAS INSTITUIÇÕES