Revista Ações Legais - page 14-15

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nha o espírito e siga em frente”.
Eu ingressei no Tribunal em 1º de Junho de 1988, sob a presidência de Frederico de
Mattos Guedes. Comecei no prédio do Alto São Francisco no cartório da 3ª Zona
Eleitoral. O desembargador Frederico foi substituído por Negi Calixto e este por
Leandro de Freitas Oliveira que, um dia, quando eu já trabalhava na Secretaria
Judiciária, no prédio da Alameda Cabral, me chamou no seu gabinete e me disse:
“Rapaz eu não te conheço, mas todo mundo diz aqui que você é muito dedicado
eu acredito. Veja, está na hora de criarmos um gabinete para o Corregedor, en-
tão estou aqui te designando - Oficial de Gabinete da Corregedoria - e naquele dia
aprendi o significado da palavra confiança.
Vieram então Sydney Dittrich Zappa e Adolpho Kruguer Pereira e com eles aprendi
o valor do 2º grau de jurisdição, a importância do Recurso e o movimento de uma
Corte de Justiça.
Na sequência, tive o privilégio de trabalhar com um homem brilhante, sagaz, irô-
nico, culto e extremamente inteligente, me refiro a Oto Luiz Sponholz.
Quando levava um requerimento para ele analisar, eu aguardava alguns segundos
enquanto ele passava os olhos pelo início pelo meio e pelo fim do documento e,
em ato continuo, já iniciava a escrever naquele espaço para despacho que nunca
era suficiente para suas instruções, e logo ultrapassava para o verso da folha, e me
entregava uma peça escrita, pronta com a decisão mais precisa, que eu só com-
preendia completamente depois de transcrevê-la e interpretá-la, e, às vezes, ele
ainda me dizia, confira se o artigo é esse mesmo que eu referi.
Depois que deixou a Presidência do Tribunal, e até o ano da sua morte, eu recebi,
todos os anos, um cartão de felicitações pela passagem do meu aniversário, ele
era sempre impresso, mas ao final vinha manuscrito com uma frase nova referin-
do alguma situação interessante e assinado de próprio punho Oto Sponholz, sem-
pre tive, desembargador Xisto, muito orgulho de receber esse cartão.
Depois vieram os três mosqueteiros, designação que eles mesmos criaram como
título para a amizade que nutriam entre eles e suas famílias, falo de Haroldo Ber-
nardo da Silva Wolff, Luiz José Perrotti e Wilson Reback.
Wilson Reback era um magistrado de carreira que se comovia com os problemas
da nação brasileira e, todas as ações, pautadas nos limites das suas responsabilida-
des, tinham o objetivo de corrigir a ética em favor da maioria do povo brasileiro.
O desembargador Perrotti era um general irredutível, inafastável das suas convic-
ções e, ao mesmo tempo, um avô carinhoso que começava o dia distribuindo ba-
las paras as crianças do edifício onde morava na rua Francisco Rocha e continuava
a distribui-las, enquanto passava pelos diversos setores do Tribunal.
Com o desembargador Silva Wolff aprendi o verdadeiro significado da palavra fi-
dalguia. Era um sábado do mês de setembro de 1995, minha filha Carolina tinha
nascido fazia 1 mês. Bate o interfone e o porteiro anuncia: Seu Sérgio o seu Harol-
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO PARANÁ
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