Revista Ações Legais - page 60-61

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ASSEMBLEIAS GERAIS ORDINÁRIAS
Importância dos
conselheiros independentes
N
o mundo corporativo, o mês de abril é marcado pela realização das Assembleias
Gerais Ordinárias (AGO’s) das empresas. Durante essas reuniões costumam ser
aprovadas as contas do exercício anterior, bem como eleitos os Conselhos de Ad-
ministração.
O Conselho de Administração é um órgão de natureza colegiada, obrigatório nas compa-
nhias abertas. Nos últimos anos, as decisões dos conselheiros foram colocadas em xeque
pelo mercado e passaram a ser investigadas, ocasionando uma crise em diversas empre-
sas brasileiras. Por conta disso, o conselheiro independente tem sido cada vez mais uma
alternativa para as companhias. “A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) define que os conselheiros independentes podem contribuir signifi-
cativamente no processo decisório, preservando os interesses da empresa, inclusive em
alguns casos, sobre o interesse de um acionista em particular”, explica o conselheiro in-
dependente e especialista em finanças, gestão e governança, e professor da Fundação
Getúlio Vargas, Andriei Beber.
Segundo Beber, alguns dos pontos críticos para os Conselhos de Administração é que eles
devem se responsabilizar pelo desempenho da organização e proteger o valor da empre-
sa. Além disso, também precisam ser capazes de fomentar a geração de valor, oferecen-
do à empresa a agilidade para lidar com ameaças competitivas emergentes, evolução das
preferências dos clientes e tecnologias disruptivas. “Já o ponto crítico na atividade de um
conselheiro independente é, justamente, sua independência”, declara.
O especialista ainda explica que, entre as funções do conselheiro independente, estão
promover boas práticas de governança corporativa, auxiliar o conselho a ser mais eficaz,
separar as questões estratégicas das operacionais, facilitar a sucessão e a gestão, e aju-
dar a administrar eventuais conflitos.
Ferramenta para geração de valor
Além de buscar conselheiros independentes, muitas empresas brasileiras também têm
apostado em outra ideia: a governança corporativa como ferramenta de geração de va-
lor. De acordo com Beber, a governança corporativa visa facilitar uma gestão eficaz, em-
preendedora e prudente, que possa proporcionar o sucesso de longo prazo para uma
empresa. “Trata-se de um importante instrumento para compreender, questionar e apri-
morar alguns dos sistemas e filosofias econômicas fundamentais: mercado livre, ética nos
negócios, liderança empresarial, economia política, globalização, dentre outros”, conta.
Portanto, a governança corporativa preocupa-se em criar um conjunto eficiente de meca-
nismos, com o objetivo de assegurar que o comportamento dos administradores esteja
sempre alinhado com o interesse da empresa.
O conselheiro independente afirma que a incorporação de boas práticas de governança
e gestão é um caminho seguro para que as empresas trilhem o seu crescimento. Quan-
do está adequada às necessidades e porte da companhia, passa a disseminar por toda a
organização uma visão de longo prazo focada no seu desenvolvimento e na criação de
valor. Apesar disso, ele alerta: “O custo de implantação completa de uma arquitetura de
governança pode inviabilizar o projeto. Assim, é fundamental que se elabore um plano
factível com a realidade financeira e operacional da empresa”.
Conselheiro independente e especialista em finanças, gestão e governança, e professor da
Fundação Getulio Vargas, Andriei Beber.
Foto: Divulgação
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