ARTIGO
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ele não precisa burlar nenhuma medida de segurança para ter acesso.
Ademais, ainda que os interlocutores sejam confiáveis, de nada adianta ter os melhores
recursos tecnológicos de segurança digital de comunicação se os aparelhos que trazem
o conteúdo não são também protegidos por senha e criptografia, ou se são empresta-
dos para alguém, furtados ou roubados. Melhor ainda, que as mensagens sejam lidas e
apagadas, sem backup nenhum, diminuindo a chance de outras pessoas terem acesso a
elas — com o contraponto de o usuário também perder a sua própria mensagem, ficando
apenas em sua própria memória.
Pode ser que hoje ninguém queira saber algo sobre nós, e assim nos sentimos seguros.
Mas um hacker experiente pode devassar o conteúdo da vida que demonstramos on-line,
na internet, mesmo que pensemos que estamos compartilhando apenas com amigos ou
que só estejamos guardando para nós mesmos.
Assim, a privacidade na internet não é um mito, mas é praticamente impossível.
O teclado inteligente que temos no celular, que nos corrige e sugere palavras, consegue
esse feito porque captura e guarda tudo o que digitamos. O servidor gratuito em que
guardamos nossas fotos, vídeos e documentos de toda espécie (Dropbox, Google Drive,
OneDrive), tem por trás uma grande empresa, e sabemos o que move as empresas. Se
nossos dados estão seguros ali, é porque hoje, para elas, a imagem positiva no mercado e
a informação que guardam para si rendemmais dividendos (dão mais lucro) do que vazar
na internet o conteúdo de seus usuários.
A atitude correta frente à incerteza da segurança digital é uma só: não tenhamos algo a
esconder.
Pois se divulgarem tudo que temos e tudo que fazemos na internet, nossas fotos, nosso
histórico de navegação, nossas mensagens familiares, no máximo conheçam os quatro
cantos de nossa casa, saibam onde passamos as férias, vejam fotos de nossos filhos brin-
cando, deem risada de nossas discussões em grupos de trabalho e estranhem como nos
divertimos com coisas simples. E, no fim, apenas passemos receio e vergonha pela aber-
tura de nossa vida, mas que nada nela e, especialmente, nada do que registramos eletro-
nicamente, possa ser uma arma contra nós.
Mário Quintana já disse: “Sorri com tranquilidade/ Quando alguém te calunia/ Quem sabe
o que não seria Se ele dissesse a verdade...” (poemaDa Calúnia)
Por Antoine Youssef Kamel, coordenador
adjunto do curso superior tecnológico
em Investigação Profissional do Centro
Universitário Internacional Uninter