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tivas, nas escolhas, nas crenças dos indivíduos e nas formas de “dizer o direito”.
Sandra Lia conta que o trabalho junto à OAB Paraná sempre foi voltado ao enfrentamen-
to da violência de gênero (promoção de direitos, prevenção das violências, assistência às
mulheres e responsabilização dos agressores), fazendo surgir uma inquietação que versa
sobre a não implementação da Lei Maria da Penha.
Partindo de conceitos do Direito, da Filosofia e Teoria Política, a autora aponta algumas
conclusões sobre a concepção do que é o poder e sobre qual poder valorizamos. “É esse
poder, concebido como dominação, como opressão, que hierarquiza e inferioriza, que
estrutura – que forma ou deforma -, as instituições (e as famílias são instituição funda-
mental na organização do estado) e que impede e dificulta a aplicação da Lei Maria da
Penha”, afirma.
“A Lei Maria da Penha foi concebida a partir da vida concreta das mulheres, para contes-
tar e resistir ao poder que as domina e oprime no âmbito das relações domésticas, fami-
liares e de afeto. E essa contestação e resistência ao poder opressor é evidenciada na luta
das irmãs Mirabal contra a opressão de um ditador, que culminou nas suas mortes violen-
tas em 25 de novembro de 1960, na República Dominicana. Um ato de extrema crueldade
que levou a ONU a instituir esse dia como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência
Contra as Mulheres”, frisa.
“Penso que meu livro trata disso, do poder das mulheres de resistir, contestar, se empo-
derar e solidarizar-se, mesmo diante da desigualdade, da injustiça, da dominação e opres-
são de gênero”, conclui.
JUSTIÇA DE GÊNERO
Livro aborda poder,
dominação e resistência
P
ublicado pela Lumen Juris Editora, o livro “Poder, dominação e resistência – Lei
Maria da Penha e a justiça de gênero” foi lançado pela advogada Sandra Liaa Leda
Bazzio Barwinski, na Livraria da Vila, em Curitiba.
De acordo com a autora, o livro nasceu da necessidade de analisar com profundidade a
dialética da violência doméstica e familiar contra as mulheres, bem como de afirmar a im-
portância da Lei Maria da Penha para constituir ou reconstituir uma gramática da justiça
sensível ao gênero. Os conceitos de poder, Estado e jurisdição, como elementos dogmá-
ticos, são confrontados ao fenômeno da justiça de gênero.
O livro aborda as condições que se estabelecem a partir do discurso do poder como do-
minação e moldam tanto as posições do sujeito na vida concreta, como os significados
culturais, as práticas sociais, as estruturas e as instituições, e que interferem nas expecta-
Fotos: Bebel Ritzmann e Leticia Rochael