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FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
Wantuba, umnegro forte, alto, cabelo acarapinhado, muito bem trajado de calça jeans, camisa
escura e tênis, estavamno saguãodoaeroportoaguardandoomomentodoembarque. Oaero-
porto era simples, sem luxo e nempompa, os aviões paravamno pátio e os passageiros tinham
que andar pela pista para embarcar. De repente, o alto falante anunciou o embarque e uma
multidão de pessoas, em fila, dirigiram-se em direção a mesma aeronave. Pedro pensou, sor-
rindo com os próprios botões, que com certeza muitos passageiros teriam que ir de pé. Pois o
avião era antigo, de três rodas, modelo DC2, ano de 1952, que parado ficava coma traseira qua-
se arrastando no chão. Olhou melhor os passageiros e viu que muitos deles não tinham mala,
carregavamnas costas sacos de estopa, compertences dentro. Epor incrível que possa parecer
todos foramacomodados nos respectivos assentos! E semdelongas o avião levantou voo.
O tempo estava ensolarado e semnuvens. Agradeceu a Deus, porque a viagemcomcerteza se-
ria tranquila. E foi até chegar aoaeroportododestino. Ocomandante anunciouque colocassem
o cinto e não fumassemporque logo iriamaterrissar. Pedro olhou pela janela e apreciou ao lon-
ge o relevo da região, amata, uma cidadezinha diminuta, e respirou aliviado. Os minutos foram
passando e nada do avião aterrissar. Olhou pela janela e viu passar pelos seus olhos o mesmo
relevo da região, a mesma mata e a mesma cidadezinha diminuta, logo deduziu: estamos dan-
do voltas! Por quê? Seu coração acelerou. Viu que a porta do comando da aeronave se abriu e
de seu interior saiu o copiloto, sorrindo e andando vagarosamente até o meio do corredor do
avião, quando se agachou. Afastou o carpete do assoalho, destravou uma portinhola, e através
dela pegou uma maçaneta na tentativa de conseguir baixar o trem de aterrissagem. As rodas
não tinham descido! Pedro começou a respirar fundo e rezar. O homem fez força e nada. A
aeromoça foi ajudar, mas nada aconteceu. O copiloto foi chamar o comandante. Este deixou o
aviãonopiloto automático, saiuda cabine, e foi ajudar a fazer força. Os passageiros se agitavam
e falavam alto. Então, a manivela funcionou e as duas rodas principais abaixaram. Todos aplau-
diram! Enfimestavamtodos salvos!Mas quandoo comandante e seu auxiliar voltavamà cabine
depararamque a porta de aço estava trancada por dentro, por umdispositivode segurança. Ela
fechou e travou sozinha! Como entrar? Nova onda de preocupação tomou conta dos passagei-
ros. Pedro estava derretendo de suor. Foi quando o comandante disse que só um machado é
que poderia derrubar aquela porta. Quando terminou de falar a maioria dos passageiros abriu
os sacos, que estavam no bagageiro de mãos, e retiraram de seu interior machados de todos
os tipos e tamanhos. E assima porta foi arrombada e Pedro pode contar esta história. Ela é ver-
dadeira. Juro que ela é verdadeira!
E assim terminei de ler a história para você. Psiu, você escutou bem? Ou dormiu? Quer que eu
repita? É uma aventura e tanto! E foi verdade, ou não foi?
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FLAGRANTES DO MUNDO JURÍDICO
Por Edson Vidal
Avião Velho
Dia de lazer. Tempo escuro e semsol, própriopara ler uma boa leitura. Sente-se na poltrona pre-
ferida, esqueça-se domundo real e dê asas à imaginação. Feche os olhos, porque eu estou com
um livro e vou contar a história para você. Pedro Almeida mora em Curitiba e formou-se enge-
nheiro florestal na Universidade Federal do Paraná. Estudioso, foi contratado pelo governo de
Uganda, África, para elaborar umprojeto de reflorestamento no interior daquele país. Eufórico
com a oportunidade profissional, viveu todas as expectativas que antecedem a viagem. No dia
do embarque, a família e a noiva estiveram presentes no aeroporto e desejaram pleno êxito e
felicidades no trabalho. Não faltaram lágrimas, porque a ausência perduraria por três longos e
intermináveis meses.
Quando Pedro chegou a Uganda foi recepcionado por um funcionário do Departamento de
Estado e logo foi conduzido ao melhor hotel da capital. No dia seguinte, reuniu-se com enge-
nheiros do país e tomou conhecimento da região interiorana que seria alvo do seu trabalho de
recuperação da floresta. Disseram-lhe que um colega ugandês lhe acompanharia na empreita-
da. A viagem seria aérea até o lugar indicado, pois existia uma companhia de aviação comercial
que fazia o trajeto até aquela localidade. No dia seguinte, Pedro e seu acompanhante de nome