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gratuitas ou descortesias. A Constituição Federal nos reservou papeis igualmente rele-
vantes. Somos todos angustiados pelo peso de nossas responsabilidades na realização
da justiça, a mais bela de todas as utopias.”
A advogada abordou a atual situação política e institucional do Brasil e a missão da advo-
cacia. Considerou que, nesses tempos sombrios, a Ordem não fugirá do seu destino. Será
a garantia concreta da reconstrução moral do país e manterá intocável os altos valores da
profissão. “É angustiante assistir às tentativas nefastas de enfraquecimento dos poderes
da República. Não precisamos de salvadores da pátria. Sabemos bem que os salvadores
são os primeiros na fila dos traidores e buscam apenas salvar a si mesmos”, enfatizou,
quando foi bastante aplaudida.
Em outro momento, falou sobre sua condição de mulher advogada e feminista convicta.
“O feminismo que defendo é as vezes o reverso do que vejo. Sempre recusei esteriótipos
que a pretexto de exaltar a mulher, atribuindo-lhe virtudes quase sobre-humanas, ser-
vem para infantilizá-la, confinando-a no gueto da mediocridade”.
Edni defendeu a maior participação das mulheres nos quadros da OAB. “Enquanto cres-
ce de forma vertiginosa o número de advogadas inscritas, em nada aumenta a sua par-
ticipação institucional. Esse paradoxo merece atenção de todos. Não pode, nem deve a
advocacia brasileira dispensar o talento de tantas”, ressaltou. “Espero que as advogadas
brasileiras se comprometam a mudar essa realidade indesejada com empenho e constân-
cia, que se entreguem e se integrem à Ordem dos Advogados do Brasil”, completou.
vam muitos de seus familiares e ami-
gos, entre eles a sua mãe, Dona Leoni,
de 92 anos.
Utopia
Edni de Andrade Arruda falou das di-
ficuldades e das recompensas da pro-
fissão citando o próprio Vieira Netto
e as quatro virtudes – dizer não, não
temer, crer e ter segurança. São man-
damentos para os que amam a profis-
são e precisam resistir a inúmeras agruras, como a incerteza do processo, o choque das
pretensões negadas, a descoberta cruel de que a justiça não é justa. “Advogar é acreditar
numa justiça viva e permanente”, afirmou.
Edni pregou a o relacionamento respeitoso entre os profissionais do sistema de justiça.
“Assisto perplexa a movimentação de alguns para criar um verdadeiro apartaid entre a
advocacia, o Ministério Público e a magistratura – recuso-me a aceitar isso. A atividade
forense já é suficientemente árdua e estressante para ser contaminada por antipatias
MEDALHA VIEIRA NETTO