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Se no ambiente do entretenimento antes tais práticas podiam ser vistas como as “regras
do jogo” – ou ainda muitos assim acreditam -, agora é hora de mostrar a cara do assédio
neste ambiente, desnaturalizar a violência, reconhecer que sua existência não é a regra
da vez, tampouco brincadeira ou algo normal ou banal. É hora de adotar medidas sérias e
efetivas para impedir a sua ocorrência ou, na sua existência, de responsabilizar o assedia-
dor à altura do fato praticado.
No mencionado relatório “Sexual harassment at work: National and international respon-
ses”, a Organização Internacional do Trabalho indica o custo do assédio para a vítima,
para o trabalhador e para a sociedade. Neste mesmo sentido e de forma bem didática,
a cartilha desenvolvida pela Fiocruz – Fundação Osvaldo Cruz, é um documento síntese
da Política Institucional de Prevenção e Enfrentamento da Violência e Assédio Moral no
trabalho na Fiocruz.
Enquanto a pessoa assediada pode sofrer uma série de problemas de saúde de ordem
psicopatológica, psicossomática e comportamental, além de perder a motivação, a auto-
estima, isolar-se socialmente e distanciar-se da família, a organização pode ter prejuízo
financeiro e administrativo, como queda da produtividade, falta ao trabalho, ambiente
hostil, aumento de afastamentos, além de outros. A sociedade, por sua vez, suportar au-
mento do desemprego, arcar com custos para tratamento e reabilitação, despesas para
a previdência social, com a Justiça etc.
Times’Up on Silence! Não há mais tempo de silêncio!
Aplacar o silêncio não só se constitui em uma forma de interromper a violência individual.
Significa possibilitar a mudança de uma cultura e a saúde de todos. Sororidade e solida-
riedade se transformam emmuito mais do que iniciativas pontuais, mas em instrumentos
indispensáveis ao enfrentamento da violência de gênero e à construção de uma socieda-
de mais digna e justa.
Por Fabíola Sucasas Negrão Covas,
promotora de Justiça
ARTIGO