Revista Ações Legais - page 104-105

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PESQUISA
Para 77% dos brasileiros,
violência e corrupção
afetam a educação no país
D
ois dos principais problemas enfrentados pelo Brasil, a corrupção e a violência,
estão diretamente ligados à baixa qualidade da educação, na opinião de 77% dos
brasileiros. É o que revela uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da In-
dústria (CNI), em parceria com o Todos Pela Educação.
De acordo com o balanço, quanto maior o nível de escolaridade dos entrevistados, maior
a percepção sobre a relação entre a educação e os níveis de violência. Pessoas com, pelo
menos, a quarta série completa, por exemplo, representam 71% dos que acreditam na co-
nexão dos dois aspectos. Esse índice sobe para 82% quando a pergunta é feita para quem
tem ensino superior.
Para a coordenadora de projetos do Todos Pela Educação, Vanessa Souto, essa convicção
dos brasileiros se remete ao fato de que, com um aumento na qualidade da educação es-
colar e um comprometimento maior das instituições de ensino, diminuiria o espaço para
a violência.
“As pessoas entendem que, uma educação de qualidade traz maiores oportunidades a
essas crianças e jovens. Então, uma educação de boa qualidade permite que as crianças
e jovens, quando saírem da escola, estejam com aprendizagem adequada, concretizem
seus projetos de vida. Isso, com certeza, ajuda a reduzir a questão da violência, porque
mais pessoas estariam empregadas, mais pessoas terão uma renda melhor”, afirma a es-
pecialista.
O balanço aponta ainda que, seis em cada dez brasileiros concordam total ou parcialmen-
te que a corrupção no Brasil decorre da falta de estrutura na educação.
Na avaliação do diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, os brasileiros atribuem essa liga-
ção à falta de uma gestão mais comprometida que deve partir, principalmente, dos go-
vernantes.
“A população tem uma percepção clara de que há problema de gestão na escola. Então, o
problema não é só locativo. É, sobretudo, gerir melhor os recursos que hoje são alocados.
Certamente, isso está associado a uma percepção de uma má administração da escola e
da corrupção que existe na máquina pública brasileira, que é de domínio amplo”, comen-
ta ele.
Lucchesi destaca ainda que, para a população, as melhorias da qualidade da educação vi-
riam com uma melhor gestão escolar, com a valorização do professor, um cuidado maior
com o aprendizado do aluno e mais atenção com a firmação da cidadania.
Insatisfação
O balanço divulgado mostra também que, em quatro anos, a insatisfação com a educa-
ção no país aumentou. Em relação às escolas públicas, cerca de 26% dos entrevistados
considera o ensino no nível médio como ruim ou péssimo. O deputado Caio Narcio (PSDB-
-MG), titular da Comissão de Educação na Câmara dos Deputados acredita que o cenário
poderia ser outro se os professores fossem mais valorizados.
“Não há educação sem professores motivados. São professores que, geralmente lecio-
nam por vocação, fazem isso com muito esforço e dedicação, mas que são mal remune-
rados”, ressalta o congressista.
A pesquisa feita pela CNI, juntamente com o Todos Pela Educação foi realizada pelo Ibope
Inteligência. Os entrevistados foram ouvidos entre os dias 15 e 20 de setembro de 2017,
em 126 municípios brasileiros.
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