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ESPAÇO DAS LETRAS
A LIBERDADE DOS ANTIGOS
COMPARADA À DOS
MODERNOS
Benjamin Constant, Tradução de
Leandro Cardoso Marques da Silva,
Editora Edipro, 80 páginas
Um manifesto em defesa das liberda-
des individuais. Este é o conteúdo da
obra, famoso discurso pronunciado
pelo escritor e político francês Benja-
min Constant, no Ateneu Real de Pa-
ris, em 1819.
O ensaio, escrito por um dos escrito-
res mais influentes no fim do século
18 e início do 19, compara omodelo de
liberdade dos povos antigos – como
egípcios e gregos – ao modelo das
sociedades europeias modernas. O
autor reconhece a necessidade de se
defender o livre-arbítrio sem perder
de vista a autonomia política e busca
ummodelo prático que possa ser apli-
cado em sociedades de enormes pro-
porções.
“Para Constant, os indivíduos moder-
nos valorizam antes a liberdade priva-
da do que a liberdade pública. A mo-
dernidade teria tornado os homens
mais interessados nos prazeres da
vida econômica do que no gosto da participação na vida pública”, analisa o professor de te-
oria política da Universidade de São Paulo (USP), Christian Jecov Schallenmüller, que assina
o prefácio da obra.
No discurso, Constant define a liberdade dos antigos como uma soberania social plena, com
participação direta do indivíduo nas decisões políticas, mas sem levar em conta seus direitos
individuais. Já a liberdade moderna é apresentada como a extrema valorização dos direitos
individuais, ainda que implique na perda da soberania política plena, uma vez que o indivíduo
abre mão desta ao eleger um representante de seus interesses.
A obra é tida como essencial para todos que desejam compreender os direitos da participa-
ção política, como estudantes, teóricos e demais interessados no tema. “Foi certamente um
dos maiores responsáveis pela consolidação dessa corrente, ainda que o nome ‘liberalismo’,
usado para agregar aquilo que já vinha se constituindo como uma corrente política”, endos-
sa Schallenmüller.