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DIREITO HUMANIZADO
Advogada utiliza estratégia
matemática para solucionar
conflitos de cliente
V
ocê conhece a Teoria dos Jogos? Se você assistiu “Uma Mente Brilhante”, filme
vencedor do Oscar de 2001, estrelado por Russell Crowe, é provável que já tenha
ouvido falar deste ramo da matemática. O longa conta a história de John Nash,
estudioso considerado gênio que, com apenas 21 anos, obteve seu doutorado com a fa-
mosa teoria. Anos mais tarde o trabalho lhe renderia o Nobel de Matemática.
Para quem não sabe, a teoria consiste em estudar o comportamento humano a partir de
ações tomadas pelas pessoas emmomentos em que uma decisão específica é fundamen-
tal para a vida daquele participante.
No jogo, as pessoas devem escolher diferentes ações dentro de situações hipotéticas
para melhorar seu próprio desempenho e, assim, obter o máximo em benefício próprio.
Em alguns casos, esse retorno pessoal pode vir através da melhoria coletiva e não apenas
individual. Já em outros, pode significar piora coletiva.
Seu uso começou a se expandir na década de 1930 depois da publicação de “The Theory
of Games and Economic Behavior”, de John von Neumann e Oskar Morgenstern, autores
que propuseram o seu uso fora da matemática.
Dilemas que vão além da matemática
Essas são algumas perguntas levantadas desde que a teoria foi desenvolvida. E ela vem
ganhando espaço em diversos ramos profissionais além da matemática e economia, como
filosofia e jornalismo e também na advocacia. Especializada em Direito Humanizado, a ad-
vogada Debora Ghelman é uma das que faz uso da teoria em seus casos. Ela acredita que a
melhor forma de exercer a sua profissão é através da mediação de conflitos. E, segundo a
especialista, os questionamentos propostos têm sido aliados, principalmente na resolução
dentro do Direito de Família.
“Eu sempre busco a resolução pacífica dos conflitos, evitando litígios que desgastam o pro-
cesso e brigas, disputas e conflitos evitáveis. Então, a Teoria dos Jogos é fundamental, pois
é colocar as partes envolvidas na situação do outro, criando empatia pelos questionamen-
tos, dúvidas e medos de todos. É muito eficiente, por exemplo, em casos de disputa de
pensão alimentícia ou guarda dos filhos”.
Nesses casos, muitas vezes, o casal em disputa pelos filhos acaba depositando confrontos e
mágoas que têmmais a ver com o relacionamento entre eles do que com o direito ou não da
guarda, explica a especialista. “Emmomentos assim, a teoria é importante por fazer com que
cada um se coloque no lugar do outro e entenda as motivações das brigas. Em geral, fica claro
queaquele conflitoédesnecessárioequeémelhor para todos queas coisas sejamresolvidas da
formamais pacífica possível”, exemplifica.
Teoria para além das disputas de família
Mas a especialista ainda vai além. Em casos em que o litígio é inevitável, ela procura aplicar
o ‘jogo completo’, envolvendo todos os participantes do processo, incluindo o juiz e o ad-
vogado da outra parte.
“Temos que estudar cada umpara ter uma boa estratégia dentro do jogo e táticas que vão fun-
cionar na hora do julgamento, pensar na posição que cada um vai estar naquele cenário. Qual
costuma ser o posicionamento daquele juiz emprocessos semelhantes, por exemplo. É preciso
se colocar na posição de cada um”, afirma.
Segundo ela, conhecer a Teoria dos Jogos é fun-
damental na prática da profissão. “Eu sempre vou
defender os interesses do meu cliente e acredito
que a melhor forma de fazer isso é mediar confli-
tos, evitando brigas que não precisam acontecer
e melhorando o diálogo entre todos. E nessa hora
que a teoria se mostra muito válida, pois ela ajuda
nesse entendimento do outro”, finaliza.
Resolução pacífica dos conflitos evita litígios que desgastam o processo
Advogada Débora Ghelman
Foto: Divulgação