Revista Ações Legais - page 132

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ESPAÇO DAS LETRAS
1932 – SÃO PAULO EM CHAMAS
Luiz Octavio de Lima, Editora Planeta, 352 páginas, R$ 56,90
As histórias da Revolução de 1932 são extremamente fasci-
nantes. Modelos de combates foram adotados pelos dois
lados, mas o Movimento Constitucionalista ficou um passo
a frente durante um tempo.
A estação de trem, em Buri, havia se transformado em uma
base para os soldados paulistas, com acomodações forneci-
das pelos proprietários das redondezas. O que os soldados
não contavam é que uma arma secreta contribuiria muito
com a luta: O Trem Blindado.
O recurso bélico ferroviário se inspirava em engenhos uti-
lizados na Guerra Civil Americana (1861-1865), na Guerra
Franco-Prussiana (1870-1871), na Revolução Mexicana (1910-1920), na Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) e na Guerra Civil Russa (1918-1920).
O modelo foi feito pelo engenheiro francês Clément de Baujaneau, a montagem pelo
engenheiro voluntário Augusto Ferreira Velloso, que abandonou seu escritório para au-
xiliar a Escola Po¬litécnica na construção dos veículos.
O tb-1, o primeiro protótipo feito, tinha 1 locomotiva a vapor e 1 vagão revestidos com
madeira de faveiro e gros¬sas chapas de aço. Em pequenas aberturas era posicionadas
metralhadoras Hotchkiss 7 mm modelo francês. No teto, tinham duas enormes lanter-
nas para iluminar as trincheiras inimigas à noite, utilizando a energia da própria locomo-
tiva.
Apelidado de Fantasma da Morte, que teve sua estreia em 23 de julho, parecia um trem
comum, se transformando em uma máquina aterrorizante que metralhava o inimigo
com uma fuzilaria e canhões 75 mm.
“Dois quilômetros e o inimigo à vista. Os homens [federais] avançavam, certos de que
era um trem de mercadoria, ou de víveres, e, em posição de atirar, ajoelhavam pelos
trilhos. Nossas metralhadoras picotavam esses inconscientes”.
O êxito da atuação do protótipo foi tamanho que logo se montaram outras quatro uni-
dades, que atuaram em combates nas diferentes regiões do estado.
Sobre o autor: Luiz Octavio de Lima é jornalista, formado pela PUC-RJ e com MBA em
Economia pela Unicamp-Facamp. Atuou nas redações de O Globo, Folha de S.Paulo,
Veja, O Estado de S. Paulo, Época e Exame. Foi finalista do Prêmio Jabuti 2015 com o
livro Pimenta Neves: uma reportagem. É autor de A guerra do Paraguai, publicado pela
Planeta em 2016.
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