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de dignidade e merecem bem estar.
O primeiro princípio, o puramente egoísta, estámuitas vezes interligado ao poder. Muitos
que usufruem desta qualidade de princípio para conduzir suas ações, a fim de conquistar
o seu objetivo, poderá afirmar tranquilamente que os fins justificam os meios, já que o fim
aqui é conquistar ou manter o poder. Ainda que ele possa ferir a felicidade ou dignidade
daqueles a seu redor, a seus olhos sua conduta é confortavelmente justificada. Seu pen-
samento é: ”fiz o que fiz porque desejei a minha felicidade, o meu poder, naquele exato
momento”. Esse indivíduo pensa em curto prazo, se tornando incapaz de abrir mão da
própria soberania. É aqui que as empresas corruptas se posicionam.
O segundo princípio, o de buscar a felicidade do maior número de pessoas, já despo-
tencializa o primeiro, que é puramente egoísta. Nota-se aqui uma significativa evolução
rumo ao que entendemos por humanidade, mas que ainda não abarca o todo. Apesar dos
esforços, o “todo” é difícil de atingir, principalmente pela inegável dificuldade em equili-
brar igualdade e equidade nas condutas. Apesar disso, já um pensamento melhor do que
o anterior. É aqui que a maioria das empresas acaba se posicionando.
O terceiro princípio, o que reconhece que todos são detentores de dignidade, é o mais
nobre. Apesar da sua grande dificuldade em superar sua própria condição utópica, ele
não deixa de ser o grande objetivo para um mundo verdadeiramente justo para todos.
Ainda que sua condição seja ideal, mas impossível 100%, ele é o princípio que deverá nor-
tear todas as condutas, buscando a convivência mais plena e digna. Trocando emmiúdos,
o mínimo que podemos estabelecer enquanto ético é o segundo princípio, mas sempre
na tentativa de conquistar o terceiro. Na segunda postura há uma ética que mostra en-
tendimento, e na terceira, a busca pelo esclarecimento, uma verdadeira maturidade inte-
lectual sobre a ética.
Dessa forma, podemos entender que o caso Odebrecht começou quando as ações esta-
vam ligadas ao primeiro princípio, que considera os interesses pessoais como sua guia
de ação. Mesmo quando um grupo é beneficiado é somente uma minoria. Ou seja, nem
atinge à segunda proposta de conduta, onde ao menos a maioria é beneficiada. O fato
começa na ética menos nobre, na moral egoísta ou na ausência de moral.
Isso nos leva à consideração de outro aspecto da situação, o do tipo de visão que motivou
essa conduta: a visão em curto prazo. Esse tipo de visão deixa armadilhas a médio e em
longo prazo, sobretudo em situações que mais tarde serão punidas pela lei, sem contar
o comprometimento da imagem da empresa. O fator seguinte é o da cultura. Entende-se
como qualidade da cultura dessa empresa que, ao menos naquele momento ou gestão,
ela tem um comando egocêntrico e individualista - já que isso parte do princípio de pen-