ARTIGO
62
Já sobre os efeitos da nova legislação sobre o emprego, não há indícios que levem a crer
que surtirá efeitos (novos 4 milhões?), tomando como exemplo a própria reforma tra-
balhista. O que gera empregos é economia crescente, consumo interno e externo, não
a legislação em si. Para a recuperação do emprego ocorrer, antes de tudo precisa-se de
confiança e de estabilidade na condução das políticas de incentivo. Como todos sabem,
estabilidade é algo complexo para a personalidade do Presidente Bolsonaro.
Decorrente disso, virá (ou não) o investimento privado. Então, a MP da Liberdade Econô-
mica ajuda a melhorar o cenário, mas, de longe, não é suficiente, assim como não foi ne-
nhuma das medidas tomadas no último ano (entre o governo de Temer e de Bolsonaro).
A promessa agora é uma nova forma de financiamento da casa própria para estimular o
setor. Novamente teremos um tiro na água. Poucos se arriscam a comprar uma casa sem
emprego e, principalmente, sem renda segura.
Não há fórmula mágica, mas os contornos da receita todos conhecemos: o governo pre-
cisa “emagrecer”, ou seja, cortar despesas ruins para que os recursos sejam direciona-
dos para investimentos em infraestrutura. Com um governo que custa pouco, mas que
investe em setores estratégicos, os capitalistas privados locais e do exterior tendem a
ver o Brasil com outros olhos. Assim poderemos ter mais emprego, renda e consumo por
algum tempo maior.
Por Christian Bundt é administrador,
professor da Universidade Estadual
de Ponta Grossa (UEPG) e membro do
Comitê Macroeconômico do ISAE Escola
de Negócios