Revista Ações Legais - page 74

ARTIGO
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quatro são bancos. A Caixa Econômica Federal só não está na lista porque não tem o ca-
pital aberto. Se estivesse, ocuparia o quarto lugar. Juntos, os cinco grandes bancos lucra-
ram mais de R$ 100 bilhões no ano passado.
Mas não é só. Em março deste ano, o Banco Central anunciou medidas que injetaram
R$ 1,2 trilhão no mercado, ampliando a liquidez dos bancos. Essa disponibilidade gi-
gantesca de recurso, em um mercado competitivo, deveria produzir maior oferta de
empréstimos a juros menores – os Bancos disputariam mercado. Em razão da crise
atual, há ainda a expectativa de novas medidas, indicando a disponibilidade de mais
de R$ 600 bilhões. Nada disso parece ser suficiente. Qualquer empresário que preci-
sa de crédito para enfrentar a crise já percebeu: a oferta não aumentou e, aprovei-
tando a crise, os juros cobrados estão mais altos. O oligopólio dos bancos controla
o mercado. A disponibilidade de recursos não impacta na curva de oferta, apenas no
aumento da demanda. Assim, com a crise, os empréstimos ficaram mais caros. Como
se tudo isso não fosse suficiente, ainda há indícios de que os bancos formaram cartéis
no mercado de câmbio nacional e internacional, motivo pelo qual estão sendo inves-
tigados pelo Cade.
O resultado é desastroso: os consumidores, industriais, produtores rurais, comercian-
tes e autônomos brasileiros, que movem o país por meio da produção e aquisição de
bens e serviços, são estrangulados por um mercado de crédito perverso. Um merca-
do que paga pouco pelo nosso dinheiro e que vende seu dinheiro mais caro do que
quase todos os outros bancos do mundo. Um mercado que não conhece a crise eco-
nômica que todos nós vivemos nos últimos anos e que, diante dela, ganha ainda mais
dinheiro. Há muito tempo pagamos, com juros, o preço das escolhas e dos modelos
errados que fizemos no passado. Não há economia que possa crescer se a produção e
o consumo são reféns do capital financeiro. Desta vez, num contexto de crise, o pre-
ço que vamos pagar por esses erros será ainda mais alto. Os bons modelos mostrarão
isso no futuro.
Por Adriano Camargo Gomes, advogado,
doutor pela USP, mestre pela
Universidade de Oxford, é professor da
Escola de Direito e Ciências Sociais da
Universidade Positivo
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