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Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Ex-
ploração Sexual de Crianças e Adolescentes
(18 demaio). A promotora de Justiça Luciana
Linero, do Centro de Apoio Operacional das
Promotorias de Justiça da Criança e do Ado-
lescente e da Educação, unidade do MPPR,
lembra que, ficando somente em casa, além
de estaremmais expostas a eventuais agres-
sores, as crianças e os adolescentes tam-
bém estão distantes dos seus principais
protetores – professores, colegas de es-
cola e outros familiares. São essas pessoas
que, em geral, notam sinais de que algo errado está acontecendo e conseguem ajudar as
crianças a vencerem o silêncio e receberem o auxílio de que necessitam.
Como reflexo disso, a tendência é de que as denúncias sofram redução. Isso, inclusive, já
está sendo observado. Segundo números do Disque 181 (serviço da Secretaria Estadual
da Segurança Pública que recebe denúncias de casos de violência no Paraná), houve que-
da de 37,7% nos comunicados de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes
entre os dias 16 de março e 15 de abril deste ano (período em que muita gente já havia
aderido à quarentena) e o mesmo período do ano passado. Neste ano, ocorreram 129 re-
gistros de violência contra crianças e adolescentes, sendo 25 de abandono, 28 de abuso/
exploração sexual e 76 de agressão, enquanto no mesmo período do ano passado foram
144 queixas, sendo 25 de abandono, 45 de abuso/exploração sexual e 74 de agressão.
Também os números de atendimentos do Hospital Pequeno Príncipe (HPP), de Curitiba,
reforçam as preocupações. Desde que o período de isolamento social foi instituído, a
média mensal de atendimentos a crianças vítimas de violência caiu pela metade em abril:
de 60 para 30 casos, e as situações registradas apresentaram quadro de gravidade maior.
Em 2019, o HPP atendeu 689 casos de violência, sendo que 73,8% deles aconteceram no
ambiente doméstico. Os atendimentos tiveram um crescimento de 39% com relação a
2018. A violência sexual representou, em 2019, 66% das ocorrências, e 76% das vítimas des-
se tipo de abuso eram meninas.
Vizinhos como protetores
Esse cenário amplia a importância do papel de vizinhos e outras pessoas que possam
observar indícios de agressões e violações, cumprindo o papel de protetores, e avi-
sar as autoridades sobre essas situações, principalmente pelo Disque 181 (estadual)
Promotora de Justiça Luciana Linero
CRIANÇAS E ADOLESCENTES