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e pelo Disque 100 (nacional). “Historicamente, o registro dos casos revela um aumen-
to das violências durante o período noturno e nos finais de semana, justamente quan-
do as crianças e adolescentes estão em casa com suas famílias. Portanto, a permanên-
cia das crianças e adolescentes em isolamento social facilita de maneira preocupante
a exposição a situações de violência”, explica a promotora de Justiça Luciana Linero.
A promotora acrescenta que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que é de-
ver da família, da sociedade e do Estado assegurar os direitos de crianças e adolescentes,
bem como colocá-los a salvo de qualquer forma de violência. “Portanto, se a família falha
ou é a própria violadora, a comunidade tem que assumir seu papel, e os vizinhos, como
representantes mais próximos dessa comunidade, devem ajudar a proteger nossas crian-
ças e adolescentes.” As comunicações de possíveis abusos podem ser feitas de modo
anônimo, mas precisam ser as mais detalhadas possíveis para possibilitar a identificação
da vítima e o atendimento pela rede de proteção.
Sinais de alerta
As suspeitas de abuso e exploração podem ser informadas aos órgãos de proteção mes-
mo que as pessoas não tenham certeza de que efetivamente estejam ocorrendo. A partir
disso, serão tomadas providências para apurar as situações, de modo a proteger meni-
nas e meninos, com os cuidados necessários para que não sejam cometidas injustiças.
Mas quais são os sinais de que algo errado pode estar acontecendo? Segundo especialis-
tas, qualquer alteração no comportamento habitual da criança ou do adolescente deve
ser considerada, mas situações como choros e gritos insistentes e ruídos que possam
denotar agressões são mais reveladoras de possíveis abusos. As pessoas também devem
ficar atentas ao aparecimento de hematomas, quadros de desnutrição e de distúrbios ali-
mentares, descuido com a higiene pessoal e mudanças súbitas de humor (uma criança ou
adolescente que era extrovertido e alegre torna-se inexplicavelmente triste e fechado,
podendo até manifestar agressividade e baixa autoestima).
Outros indícios são comportamentos sexuais inadequados para a idade da criança. Tam-
bém podem sinalizar problemas as situações em que a criança ou o adolescente manifes-
te insegurança excessiva, vergonha, isolamento ou resistência a qualquer contato físico
com outras pessoas.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES