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pensar recorrente entre as mulheres de
baixa renda que são vítimas de violência
doméstica, afirmou Ilana Trombka. A servi-
dora teve acesso ao universo dessas cida-
dãs quando visitou, há cerca de 5 anos, um
abrigo que as acolhe no Distrito Federal.
Encontrou mulheres que foram estupra-
das, espancadas, que foram alvo de violên-
cia psicológica - ou que tiveram filhas nessa
situação -, e que hoje vivem com medo de
retornar para seus lares.
Apenas doações não socorrerão efetiva-
mente essas vítimas, considerou à época
Ilana Trombka que, sensibilizada, sentiu ur-
gência em atuar para ajudá-las. Pensou que
essas mulheres deveriam trabalhar, pois a
maioria é dependente financeiramente de familiares homens. A servidora buscou o que
estava ao seu alcance, como diretora-geral do Senado Federal: apresentou ao presidente
da instituição o projeto de criar cotas para as vagas de contrato de terceirização do Sena-
do para essas cidadãs, o que foi implantado pela Casa Legislativa. Desde 2016, o Senado
reserva 2% dos postos das terceirizadas a mulheres vítimas de violência doméstica. "Hoje,
temos 32 dessas mulheres trabalhando no Senado; em 2021, teremos 60", destacou.
Com o funcionamento do projeto, o Senado expandiu suas ações sobre o tema e reforçou
as atividades internas contra o assédio. "Temos uma polícia própria para acompanhar es-
ses casos, promovemos ações e distribuímos cartilhas", disse a servidora, que ressaltou
que os terceirizados estão sempre incluídos nessas ações pedagógicas.
A servidora finalizou sua palestra apontando um sentimento que surgiu enquanto desen-
volvia o projeto e conhecia a realidade daquelas mulheres. "Quando aprendemos sobre
a discriminação contra um grupo, temos consciência de todos os outros tipos de precon-
ceito. Por isso, assim como não posso aceitar que uma mulher seja rejeitada, não posso
aceitar que uma pessoa com deficiência, um negro, um idoso ou um homossexual tam-
bém o sejam".
A presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, desembargadora Marlene T.
Fuverki Suguimatsu, elogiou a ABMCJ-PR por trazer a discussão sobre violência de gêne-
ro a uma casa de Justiça de Trabalho. "Esse case de sucesso do Senado traz uma propo-
sição de inserção pelo trabalho, que poderá ajudar muitas mulheres vítimas de violência.
Desembargadora Neide Alves dos Santos
Diretora-geral do Senado Federal, Ilana
Trombka
PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA A MULHERES
Encontro apresenta projeto de
cotas para mulheres vítimas de
violência doméstica
O
Tribunal Regional do Trabalho do
Paraná sediou em Curitiba, um en-
contro para a reflexão sobre a vul-
nerabilidade da mulher ao longo da histó-
ria, com ênfase na violência de gênero e na
urgência de a sociedade promover ações
de combate à discriminação.
O evento, intitulado Programa de Assistência
a Mulheres, contou com a palestra Case do
Senado Federal, proferida pela diretora-geral
da casa parlamentar, Ilana Trombka, e com
uma análise a respeito da história da condi-
ção feminina no mundo ocidental, feita pela
promotora de justiça Mariana Seifert Bazzo.
A iniciativa é da Associação Brasileira das Mu-
lheres de Carreira Jurídica – ABMCJ - Paraná,
presidida pela advogada Leocimary Toledo
Staut.
"Entre não dar comida para meu filho e apanhar, prefiro apanhar". Esse é um modo de
Da esquerda para a direita: a promotora de justiça Mariana Seifert Bazzo, a desembargadora
Marlene T. Fuverki Suguimatsu, a advogada Leocimary Toledo Staut, a desembargadora Neide
Alves dos Santos e a diretora-geral do Senado Federal, Ilana Trombka
Presidente da ABMCJ-PR, advogada
Leocimary Toledo Staut
Promotora de Justiça Mariana Seifert Bazzo
Fonte e fotos: Tribunal Regional do Trabalho do Paraná