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escasso, os pais têm menos tempo para ficar com os filhos. Mas é preciso que usem bem
esse tempo, procurando resgatar os vínculos. Os pais têm que dar liberdade aos jovens,
mas também devem monitorá-los”.
A promotora de Justiça ressalta que o diálogo é fundamental para que os pais possam
atuar de modo preventivo, evitando que os filhos se exponham a uma série de riscos. Da
mesma forma, é fundamental que sejam identificados, de modo precoce, sinais de que os
jovens possam estar com quadros depressivos ou participando de jogos nocivos, como
o Baleia Azul. “Se os pais estiverem atentos, poderão notar mudanças de comportamen-
to, como agressividade, isolamento, tristeza exagerada, ansiedade, cortes e mutilações,
gosto súbito por filmes de terror, alterações de sono e distúrbios alimentares. Tudo isso
pode ser revelador de um estado atípico e que requer cuidados especiais.”
Confirmadas as suspeitas de depressão, participação em jogos perigosos ou outros qua-
dros preocupantes, Luciana Linero recomenda que os pais procurem apoio de profissio-
nais especializados, como psicólogos e psiquiatras, dependendo do caso. Pontua ainda
que os casos associados ao jogo Baleia Azul devem ser comunicados à polícia, já que, em
geral, denotam práticas criminosas.
Escolas
OMPPR destaca a importância de os professores também estarem atentos ao comporta-
mento dos estudantes, já que, em boa parte do tempo, os jovens permanecem na escola.
A promotora de Justiça Hirminia Dorigan de Matos Diniz, que atua no Caop da Criança e
do Adolescente e da Educação – Área da Educação, sugere que as escolas mantenham
ações permanentes, focadas no combate a problemas que podem deixar os jovens mais
suscetíveis a participar de jogos como esse e a pressões para cumprir as tarefas. “São
programas como os de combate ao bullying e de prevenção à depressão, que possam
favorecer a integração de todos e de cada um dos estudantes. Se existe um trabalho
preventivo, de proteção da criança e do jovem em casa e também na escola, os riscos de
cooptação pelos organizadores de jogos desse gênero diminuem”, comenta.
A promotora comenta ainda que há necessidade de o poder público de modo geral atu-
ar por meio de políticas públicas de combate a si-
tuações que possam deixar os jovens suscetíveis a
esse tipo de situação. Uma reunião para discutir es-
pecificamente o problema do jogo Baleia Azul está
marcada para a tarde desta quinta-feira, na sede da
Secretaria Estadual da Educação, em Curitiba, e de-
verá contar com a participação de representantes
do MPPR.
Promotora de Justiça Hirminia
Dorigan de Matos Diniz