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ARTIGO
Os pilares para um efetivo
programa de prevenção a
fraudes
T
odas as organizações, sejam públicas ou pri-
vadas, estão expostas às ocorrências de frau-
des em suas operações. Precisamos entender
que a fraude é todo ato ou omissão intencional de-
senhado para enganar, gerando um prejuízo para
uma pessoa ou uma empresa ou proporcionando
um ganho, de forma irregular, para perpetrador.
A fraude pode ser realizada pela empresa, para ga-
nhar um projeto ou licitação ou por um indivíduo,
para ganhos próprios em detrimento de outros,
como, por exemplo, a inclusão de uma despesa não
realizada no relatório de reembolso de despesas. É
impossível eliminar o risco de fraude em uma corpo-
ração, contudo, é possível mitigar este risco através
de um processo robusto de sensibilização, identifi-
cação e prevenção de atos de fraude.
Antes de qualquer coisa, as empresas, através de
seus gestores, devem ter consciência de que o ris-
co existe. Infelizmente, por mais incrível que possa
parecer, alguns gestores ainda não acreditam que
possam ser alvo de um evento de fraude. Quando
trato deste tema nas corporações é comum ouvir
que nunca aconteceu ou que as pessoas são de con-
fiança, que não existe este risco e etc., até o dia que
o evento se concretiza e vão culpar a sorte.
Todos dentro da organização são responsáveis pelo
processo de prevenção da fraude, entretanto, a alta
gestão é a responsável principal, pois, cabe a ela, o estabelecimento de um ambiente
propício para a conscientização da importância do combate à fraude, fortalecendo sua
cultura de gestão de riscos. A não existência do comprometimento com os valores éticos
e nem com as melhores práticas de gestão, pela alta administração e seus executivos se-
niors, é o principal condutor de atividades ilícitas dentro da organização, como também,
pela falta de fundamentos de governança efetivos e confiáveis.
É necessário que a organização tenha um programa robusto de prevenção e combate à
fraude, que sensibilize todos os funcionários, prestadores de serviços, fornecedores e ou-
tras partes relacionadas quanto à: visão da empresa, processo de detecção e tratamento
dos eventos relacionados às fraudes. Este programa deve ser fundamentado nos seguin-
tes pilares:
Conscientização
– É baseada na disseminação das políticas e programas de integridade
através de reuniões periódicas, palestras, oficinas de trabalho e processo contínuo de
e-learning. É de extrema importância que os gestores seniores sejam o exemplo de com-
portamento, esperado de todos os funcionários e partes relacionadas;
Detecção – Aqui reside a parte operacional que abrange o processo de avaliação da ex-
posição e identificação das vulnerabilidades nos diversos fluxos de transação e negócios,
gerenciamento do risco à fraude e monitoramento dos controles internos existentes
como resposta ao risco de fraude. Um canal de denúncias independente e efetivo é parte
integrante deste fundamento, lembrando que 48% das fraudes corporativas, globalmen-
te falando, são detectadas através deste canal;
Tratamento
– Deve ser claro para todos que compõem a organização como será o trata-
mento ao identificar uma fraude, incluindo as penalidades das quais o fraudador estará
à mercê. Para o sucesso do programa de prevenção é inadmissível qualquer flexibilidade
para os atos de fraude, lembrando que não existe fraude que deva ser deixada de lado
por ser pequena ou imaterial. Todas devem ser punidas, de forma que a empresa deixe
claro que não admite, em nenhuma hipótese, atos desta natureza.
Na grande maioria das vezes o fraudador esta dentro de casa, mas com o advento dos
sistemas de processamento eletrônico e a convergência dos negócios para a plataforma
digital e virtual, o fraudador também esta lá fora, do outro lado da conexão. Esta se tor-
nando muito comum fraude realizada através de ciberataques. A fraude, para ocorrer, na
maioria das vezes, apresenta três pontos básicos, o que denominamos como o triangulo
da fraude: oportunidade, motivação e o racional.
Motivação e racional esta presente no fraudador, contudo a oportunidade é dada pela
empresa, principalmente aquelas que não têm processo algum de prevenção, nem cul-