Revista Ações Legais - page 36-37

ARTIGO
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O jurídico das empresas
tem espaço para a inovação?
E
m um momento onde falamos muito sobre
inovação, pensamento disruptivo, mudança
de mindset, questiono se os departamentos
jurídicos das empresas estão preparados para absor-
ver todas as possibilidades geradas pela tecnologia
no mercado jurídico.
A inovação no departamento jurídico é medida que
se impõe e a expansão no mercado de Lawtechs, es-
pecialmente após a implantação do processo eletrô-
nico no Brasil, vem demonstrando que estamos cami-
nhando para o uso da tecnologia no mundo jurídico.
Para quem não sabe, as lawtechs ou legaltechs são abreviação de Legal Technology –
law (advocacia) e technology (tecnologia), são empresas que desenvolvem soluções para
facilitar a rotina dos advogados, conectar cidadãos ao direito e mudar a forma de atuação
do Poder Judiciário.
Assim como as fintechs – financial (finanças) e technology (tecnologia) – fizeram com o
setor financeiro e bancário no Brasil, as lawtechs já revolucionam o mercado jurídico.
No Brasil, em 2017, foi criada uma entidade congregando as empresas que desenvolvem
tecnologia e inovação na área jurídica, a Associação Brasileira de Lawtechs e Legalte-
chs (AB2L).
O objetivo desta entidade é apoiar a inovação integrando profissionais da área tecnoló-
gica e jurídica, além de produzir estudos e pesquisas que forneçam informação relevante
ao mercado e atuar junto à administração pública para estimular a adoção de novas fer-
ramentas e tecnologias.
Pesquisa recente produzida pela AB2L mostrou que 95% dos escritórios de advocacia es-
tão abertos às inovações que solucionem seus problemas e 62% já procuram serviços cus-
tomizados de tecnologia.
Recentemente, em São Paulo, foi inaugurada a Future Law Innovation Center, com foco
nas lawtechs, startups de tecnologia com atuação no campo do direito. O centro é o pri-
meiro a ser patrocinado pela Thomson Reuters na América do Sul, mas existem outros
seis centros de inovação apoiados pela empresa e espalhados pela Ásia, Europa e Estados
Unidos.
Ainda teremos muitos desafios pela frente, visto o tradicionalismo da nossa profissão, ou
mesmo a cultura da empresa, mas é fundamental que os gestores já estejam alinhados
com as novas possibilidades.
Problemas que antes era difíceis de serem solucionados, ficaram no passado, ultrapassa-
dos pelos avanços da tecnologia. Um bom exemplo disso são as revelias causadas pelo
recebimento de citações em filiais ou lojas das grandes empresas.
Hoje, já é possível contratar um sistema que monitora, 24 horas por dia, a distribuição de
ações nos Tribunais brasileiros. Com é possível ter ciência da demanda antes mesmo do
recebimento da citação, permitindo uma análise mais detalhada para realizar uma boa
defesa ou acordo, além de extinguir as revelias, uma imensa fonte de problemas para de-
partamentos jurídicos e escritórios de advocacia.
Para a maioria das empresas localizadas nos grandes centros, o caso acima não é novida-
de, mas a oferta de produtos e serviços é muito ampla. Veja:
• Resolução de conflitos online: serviços que oferecem mediação, negociação e arbitra-
gem de acordos online;
• Analytics e jurimetria: plataformas que oferecem estatísticas e análise de dados no se-
tor jurídico;
• Automação e gestão de documentos e informações: softwares que automatizam do-
cumentos jurídicos e fazem a gestão do ciclo de vida de contratos e processos.
Tenho claro que o trabalho na área do direito será fortemente impactado pela tecnologia
nos próximos anos e os advogados terão que se adaptar à nova realidade para encontrar
novas oportunidades.
Parodiando o naturalista britânico Charles Darwin:”Sobreviverão os mais adaptáveis!”. E
você? Já está preparado para a nova realidade?
Por Luiz Felipe Tassitanim advogado e
especialista em Direito Processual Civil
pela Universidade Mackenzie
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