Revista Ações Legais - page 52-53

52
53
LEGISLAÇÃO
Lei da terceirização e reforma
trabalhista incentiva empresas
especializadas em terceirização
U
ma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), divulgada
em 2015, mostrou que mais de 9 em cada 10 empresas (91%) industriais eram favorá-
veis à terceirização das atividades-fim. No entanto, 53% dessas companhias tinhamdei-
xado de utilizar tal modelo devido à insegurança jurídica e 38% em razão de possíveis ações
trabalhistas. Com a Reforma Trabalhista e o aval do Supremo Tribunal Federal (STF) à Lei da
Terceirização, a Primee, que há 6 anos atua na terceirização de serviços com sede em Curitiba
e atendimento em todo o Brasil, está surfando nessa onda, faturando R$ 15 milhões em 2018,
crescimento de 35% na comparação como ano anterior.
Com um portfólio que atende pequenas, médias e grandes empresas tanto em áreas tradicio-
nais da terceirização (limpeza, segurança e recepção) até projetos personalizados, que envol-
vem áreas produtivas, de logística e de engenharia, o resultado obtido pela Primee está em
linha com outro estudo conduzido pelo Sebrae em 2017. Com base na pesquisa, 25% das em-
presas de médio e pequeno porte da construção civil tinham interesse em terceirizar: 23,2% na
área de serviços; e 21,4% no comércio. Conforme o Empresômetro, os negócios relacionados à
terceirização cresceram 13,5% em 2016 e 2017.
Promulgada em 2017, a Lei da Terceirização (13.429/2017), recebeu o aval do STF em agosto do
anopassado, após ter 7 votos a favor e4 contrários noplenário. Anteriormente, as companhias
podiam terceirizar apenas as atividades-meio (setores não relacionados à atuação da compa-
nhia). Comesse novo contexto, o planejamento da Primee prevê crescimento de 40% em2019.
“Com a flexibilização da lei, estamos expandindo as operações dos nossos próprios clientes e
tambémgeograficamente no Brasil. Temos clientes que operavamapenas emCuritiba e agora
estamos atuando em Porto Alegre, Florianópolis, Belém e São Luís”, explica Igor Marçal, um
dos sócios da Primee.
De acordo com Marçal, com a regulamentação da lei, a Primee ganhou novos ramos de atu-
ação, que incluem as atividades-fim das empresas, seja para pequenos negócios ou multina-
cionais. “Antes, nos limitávamos a trabalhar com limpeza e segurança patrimonial. Pelo nosso
bom atendimento, abrimos oportunidades em outros setores com a mudança da lei. Dessa
forma, operamos de forma personalizada, de acordo com a necessidade do cliente”, ressalta.
Umdos novos segmentos que está sendo atacado é o de condomínios. “Eles têmgrande arre-
cadação financeira, mas têmdificuldade para fazer a administração”, diz.
Fator humano
Os fatores que levam as companhias a terceirizar não são apenas a redução de custos, mas
uma gestão mais eficaz. De acordo comMarçal, em vez de cobrar colaboradores pelos resul-
tados, as companhias mantêm uma relação profissional com a empresa terceirizada, baseada
em metas e em entrega de resultados. “Quando se ganha eficácia na gestão, há mais tempo
para focar na estratégia donegócio. Pode não trazer necessariamente uma reduçãode custos,
mas flexibilidade de tempo”, esclarece sobre o principal motivo para a contratação da Primee.
Além disso, o fator humano – ou seja, a habilidade em lidar com pessoas – é reduzido quando
se contrata uma terceirizada. “Somos nós que respondemos pela contratação, apresentamos
as metas e fazemos as cobran-
ças. Sabe-se que lidar com mão
de obra é uma das tarefas mais
difíceis de umnegócio”, diz.
Ações trabalhistas
Segundo o empresário, a Refor-
ma Trabalhista – e a possibilidade
de o trabalhador ser cobrado pe-
las custas em caso de derrota na
justiça – fez com que houvesse
uma redução nas ações. O primeiro balanço do Tribunal Superior do Trabalho (TST) mostrou
queda de 36% no número de processos ajuizados de janeiro a setembro de 2018 frente aomes-
mo período de 2017. Foram quase 1,28 milhão de reclamações contra 2,01 milhões. “Ao tercei-
rizar, as empresas reduzem o risco de ações. Do nosso lado, somos uma empresa de mão de
obra – é o nosso trabalhador dentro de um cliente que garante o crescimento empresarial. A
partir disso, conseguimos capitalizar, crescer e, como consequência, contratar mais”, ensina.
Odesafio, de acordo comele, é fazer comque empresários e colaboradores atuemnomesmo
sentido, sembarreira na relação de empregador e empregado. “Os empregadores não são ex-
ploradores, eles estão ao lado de seus empregados batalhando todos os dias para conseguir
sobreviver como empresa no Brasil. Quando houver essa consciência, acredito que as ações
vão cair ainda mais”, completaMarçal.
1...,32-33,34-35,36-37,38-39,40-41,42-43,44-45,46-47,48-49,50-51 54-55,56-57,58-59,60-61,62-63,64-65,66-67,68-69,70-71,72-73,...
Powered by FlippingBook