Revista Ações Legais - page 62-63

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Medo de perder os pais
O divórcio é uma situação que deixa marcas em toda a família. Para a psicóloga Denise
Miranda de Figueiredo, terapeuta de casal, família, a união dos pais é um porto seguro
para a saúde física e emocional dos filhos e a separação pode ameaçar essa base.
“Um dos aspectos positivos do divórcio para as crianças é não presenciar mais os con-
flitos parentais. Por outro lado, a separação para os filhos significa a redução da convi-
vência com um dos pais. Muitas crianças podem se sentir abandonadas, rejeitadas e até
mesmo culpadas pelo divórcio. Como o maior medo dos filhos na separação é perder os
pais, ambos precisam trabalhar para afastar esse temor e a guarda compartilhada é uma
excelente maneira de fazer isso”, comenta Denise.
Guarda compartilhada não é para todos
Embora a guarda compartilhada tenha diversos benefícios, como vimos, ela também tem
algumas desvantagens. “Quando os pais passam por muitos conflitos, não conseguem dia-
logar, não são cooperativos, sabotam ou desautorizam um ao outro perante os filhos, a
guarda compartilhada pode não ser a melhor opção”, diz Marina.
As terapeutas comentamque é preciso que os conflitos conjugais tenham sido bem resolvi-
dos e que o casal esteja maduro para conviver e para tomar decisões juntos sobre a educa-
ção e o bem-estar dos filhos. “Do contrário, a guarda compartilhada será prejudicial para a
saúde emocional das crianças e adolescentes, que estarão no meio dos conflitos dos pais”.
Terapia de família pode ajudar
De todas os formatos de custódia de menores de idade, a guarda compartilhada é uma
possibilidade que temmostrado benefícios. “Os ajustes podem ser necessários no come-
ço e a terapia de família ou até mesmo de casal pode contribuir para mediar os conflitos e
para ajudar o pai e a mãe a encontrarem recursos que possam assegurar o sucesso deste
tipo de guarda”, comentam Denise e Marina.
“Na nossa pratica no consultório vemos que ainda há dúvidas sobre o modelo da guarda
compartilhada. Com isso, os pais acabam fazendo diferentes tipos de combinados, mas
sempre pensando no bem-estar da criança ou do adolescente. Omais importante de tudo
é que os genitores mantenham um bom diálogo, buscando a uniformidade na disciplina e
na rotina do filho para o bem de todos”, comenta Denise.
Por fim, as terapeutas lembram que é muito importante que os filhos sintam que há lugar
para eles na vida do pai e da mãe após a separação, mesmo porque a paternidade e a ma-
ternidade são vínculos que nunca deixarão de existir.
DECISÃO
Guarda compartilhada
requer maturidade e diálogo
A
pesar de ter surgido há mais de 20 anos na Inglaterra e há 10 anos no Brasil, foi
somente em 2014 que a guarda compartilhada passou a ser regra e não exce-
ção quando se trata da custódia legal de crianças e adolescentes em nosso país.
Entretanto, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
86,3% dos casos, a guarda ainda fica com a mãe e em apenas 12% é compartilhada.
A guarda compartilhada é aquela em que a criança mora com um dos pais, de forma fixa,
mas ambos os genitores se responsabilizam pelos direitos e deveres da paternidade e
da maternidade. Segundo a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família,
esta forma de guarda reforça a importância da presença tanto da mãe quanto do pai para
o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, além de reconhecer a igualdade
de direitos entre os cônjuges na educação e na convivência com os filhos.
“A guarda compartilhada foi feita, principalmente, para atender aos interesses e às ne-
cessidades das crianças e adolescentes. Ela ajuda na formação, no desenvolvimento e mi-
nimiza os sentimentos de abandono, rejeição e culpa que os filhos podem sentir quando
os pais se divorciam. Além disso, promove o direito a convivência e à educação de forma
igualitária entre o pai e a mãe”, diz Marina.
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