17
e podem estar mais sujeitos a outros riscos,
como de agressões e abusos sexuais. As di-
ficuldades para isso são enormes, já que,
em função do isolamento e do distancia-
mento social, é difícil fazer a comprovação
das violências, que geralmente acontecem
dentro das casas das vítimas. Por isso, nes-
te momento, todos que atuam em favor da
infância e da juventude precisam redobrar
os cuidados.
A advogada Marta Tonin cita um relatório
da organização não-governamental (ONG)
World Vision, que estima que até 85 milhões
de crianças e adolescentes com idade entre
2 e 17 anos poderão se somar às vítimas de violência física, emocional e sexual nos próximos
três meses em todo o planeta. “O confinamento em casa, essencial para conter a pandemia
do novo coronavírus, acaba expondo essa população a uma maior incidência de violência do-
méstica. No caso do Brasil, a projeção é de um aumento de 18% no número de denúncias de
violência doméstica”, informa, citando reportagem da Agência Brasil.
Do mesmo modo, Angela Mendonça defende que o maior desafio desta fase é justamente
fazer com que crianças e adolescentes estejammais ligados aos serviços e unidades de aten-
dimento, quer seja a escola, unidades de saúde ou unidades da assistência social, para que,
com a “reclusão”, grande parte das violências e dificuldades não sejam tão invisibilizadas.
Ciente do problema, desde maio, quando ocorre o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Ex-
ploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio), oMinistério Público do Paraná vem
destacando a importância do papel de vizinhos e outras pessoas que possamobservar agres-
sões e violações neste período de isolamento, cumprindo o papel de protetores de crianças
e adolescentes. No Paraná, os comunicados de ocorrências (suspeitas ou comprovadas) de-
vem ser feitos principalmente pelo Disque 181 (estadual) e pelo Disque 100 (nacional).
Educação
A educação remota é outra grande barreira a ser superada para o exercício dos direitos
de crianças e adolescentes neste momento ímpar que o Brasil e o mundo enfrentam.
Para Angela Mendonça, essa é uma questão importante porque mostra a desigualdade
educacional e de acesso à tecnologia no Brasil, que precisa ser um ponto de inclusão nos
debates das políticas para crianças e adolescentes não apenas neste momento específi-
co, mas de forma perene.
Presidente do Conselho Estadual dos Direitos
da Criança e do Adolescente do Paraná,
Angela Mendonça