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que por motivos decorrentes de temores de perseguição à raça, religião, nacionalidade
encontra-se fora de seu país de origem.
Diante do grande número de refugiados e da tradição brasileira de dar abrigo aos migran-
tes, o governo federal adotou várias medidas de apoio nos últimos anos. Entre ações,
informa o Conare, constam os programas de vistos humanitários para cidadãos haitianos
e o programa de vistos especiais para os afetados do conflito sírio.
Outras ajudas têm sido oferecidas pelos dois Centros de Referência e Acolhimento de Mi-
grantes e Refugiados (CRAI) em atividade em São Paulo. Outros centros estão previstos
para Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba,
Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Guaru-
lhos.
Essas medidas têm sido acompanhadas
de facilitação do acesso à documentação
para a retomada de vida regular no Brasil,
com auxílio para emissão de carteira de
identidade estrangeira para refugiados e
asilados e ajuda para retomada de uma
vida produtiva com condições de susten-
to para o indivíduo e a família.
Tradição de acolhimento
A refugiada síriaHananDaqqah, de 12 anos
de idade e que vive no Brasil desde 2015,
foi uma das primeiras condutoras da tocha olímpica, em Brasília (DF). Símbolo da tradição
brasileira de acolhimento, Hanan foi escolhida pelo Comitê Organizador dos Jogos Olím-
picos Rio 2016 a partir de uma sugestão da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no
Brasil e participou do primeiro dia do revezamento da tocha em solo brasileiro. “Não me
sinto como refugiada, mas como qualquer outra brasileira levando a tocha”, disse Hanan.
O presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Beto Vasconcelos, ressal-
tou a importância da participação da menina no revezamento. “Os Jogos Olímpicos são
um evento internacional, cujo significado é marcado pela união, solidariedade, respeito e
paz entre os povos. É, portanto, uma oportunidade singular para chamarmos a atenção
para o triste drama humano vivido na pior crise humanitária em 70 anos”, destacou Vas-
concelos. A Olimpíada do Rio contará com a participação de uma delegação composta
por atletas refugiados.
O
número de refugia-
dos
reconhecidos
pelo Brasil entre
2010 e 2016 aumentou 127%,
informa o Comitê Nacional
para Refugiados (Conare) do
Ministério da Justiça. O dado
consta do relatório sobre o
refúgio no país.
Conforme o documento do
Conare, atualmente o País
abriga 8.863 refugiados de
79 nacionalidades. O maior
número de reconhecimentos
envolve sírios, angolanos, co-
lombianos, congolenses, libaneses, iraquianos, liberianos, paquistaneses e de pessoas
provenientes de Serra Leoa.
Além do aumento no contingente de reconhecidos, o Conare registrou forte expansão
nas solicitações de refúgio. Nos últimos cinco anos, esses pedidos subiram 2.868%, pas-
sando de 966, em 2010, para 28.670, no ano passado.
A maior parte dos refugiados que buscam abrigo no País possui idade entre 18 e 59 anos,
em várias situações formadas por famílias compostas também por crianças e adolescen-
tes.
A expansão dos refugiados reconhecidos e do número de solicitações ocorre em meio a
uma das mais graves crises migratórias já enfrentadas pelo mundo. Segundo a conven-
ção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados (1951), refugiado é toda pessoa
NOTÍCIAS
Brasil abriga 8.863
refugiados de 79
nacionalidades
Presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare),
Beto Vasconcelos
Refugiada síria Hanan Daqqah, de 12 anos de
idade e que vive no Brasil desde 2015, foi uma
das primeiras condutoras da tocha olímpica,
em Brasília
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Justiça - Fotos: Divulgação