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lência policial, citando os casos de
Evaldo dos Santos, pai de família e
músico negro morto pelo Exército
com 80 tiros no início deste ano no
Rio, e da menina Ágata, de 8 anos,
morta no ano passado pela polícia
também no Rio de Janeiro. Ele tam-
bém abordou a importância das prá-
ticas antirracistas.
“Ações antirracistas servem para in-
verter a lógica de subordinação pelas
quais negros e negras são submeti-
dos diariamente no Brasil”, afirmou.
Entre elas, está a criação de espaços
que tem ampliado as oportunidades
para negros e negras, a exemplo da política de acesso à justiça do Rio Grande do Sul, que
busca fomentar a formação de estudantes negros interessados em disputar vagas na ma-
gistratura.
A juíza do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região Gabriela Lenz de Lacerda fa-
lou sobre a importância do combate ao racismo e da necessidade de posturas antirracis-
tas destinadas a enfrentar o silêncio e a invisibilidade da situação das pessoas negras no
Brasil. Ela citou estudos sobre o conceito da branquitude, que dá visibilidade à questão de
que a raça branca representa, também, uma posição de estrutura de privilégios materiais
e simbólicos que vem desde a origem do país.
“Quando a gente trata a escravidão, por exemplo, a gente pensa como se fosse algo que
aconteceu com pessoas negras, mas não gostamos de observar onde estão os brancos
naquele momento. Isso porque existem dois grupos: o dos oprimidos e o dos opressores
e nós, pessoas brancas, somos necessariamente os integrantes do grupo dos opressores.
E se queremos trabalhar o racismo e construir uma sociedade menos racista temos que
nos perceber como parte desse processo”, argumentou.
Ao longo de sua apresentação também ela deu ênfase ao fato da baixa participação de
pessoas negras no Poder Judiciário e lembrou que, no Supremo Tribunal Federal (STF),
dos seus 11 integrantes, nove são homens brancos e duas são mulheres brancas.
Juíza do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª
Região Gabriela Lenz de Lacerda