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PESQUISA
Lava Jato, Mensalão e
personalidades do Direito
influenciam jovens a seguir
carreira jurídica
Fotos: Divulgação
D
ezenas de novas atividades profissio-
nais surgiram no Brasil nos últimos
anos por conta das transformações e
inovações pelas quais passa o mundo. Mas
apesardisso, oscursosmais tradicionaiscon-
tinuam no topo das preferências dos vesti-
bulandos. Pelo menos é o que aponta uma
recente pesquisa feita pela Universidade
Positivo (UP) comquase 5 mil alunos que se
inscreverampara aMostradeProfissões, or-
ganizada pela instituição, nomês de agosto.
Direito e Medicina lideram o ranking, segui-
dos de Psicologia, Arquitetura e Urbanismo,
Engenharia Civil e Educação Física. Quais os
motivos que estão por trás da escolha pelas
ciências jurídicas por 9,5% dos entrevistados
entre mais de 50 profissões citadas?
Mayara Aparecida dos Santos tem 17 anos e
faz parte deste grupo. Apesar de não se lem-
brar de nenhuma referência que possa ter
influenciado a sua escolha pelo curso de Di-
reito, ela admite que o ex-presidente do STF,
Joaquim Barbosa, está entre as personalida-
des domundo jurídicoque lhe trazmais inspiração. Uma sociedademais justa éomotivoque le-
vou JulianaMendes Freire, 17 anos, a escolher o curso de Direito. A jovemvestibulanda ressalta
que a situação atual do Brasil, com tanta corrupção e desvio de dinheiro público, foi um ponto
forte emsua opção. Ela destaca que amaior inspiração para a profissão chama-se SérgioMoro,
o juiz federal que imprimiu umnovo jeito dos brasileiros olharempara a Justiça ao condenar as
pessoas envolvidas nomaior escândalo que o país tomou conhecimento.
“Minha primeira opção para o vestibular foi Engenharia Mecânica. Mas de dois anos para cá,
surgiu um interesse pelo Direito que foi aumentando e culminou na escolha de seguir a carrei-
ra na área jurídica”, disse Gustavo Ricardo Josino, 17 anos. Ele acredita que o cenário atual em
que vive o Brasil tem despertado emmuitas pessoas - e principalmente nos jovens - a vontade
de participar dessa luta contra a corrupção e a falta de ética. “Penso que a busca pelo conheci-
mento das leis e das ciências jurídicas é o primeiro passo para contribuir para a solução desses
problemas”, afirma.
Um caso semelhante é o do professor de Direito Civil da UP e procurador do Estado do Paraná,
Roberto Altheim. Ele conta que, aos 16 anos, queria cursar Engenharia Mecânica e, de última
hora, seu pai conseguiu convencê-lo a optar pelo Direito comumúnico argumento: “seja o que
for que você vai fazer ou onde for trabalhar, ninguémnunca vai te enganar”. Apresar de ingres-
sar na profissão por uma indecisão de adolescente, o professor tem certeza que acertou na
escolha. “O Direito forma pessoas aptas a viver bem em sociedade. Emmuitos campos da pro-
fissão, é possível tornar-se agente demodificação da sociedade”, justifica.
Para o coordenador do curso de Direito a Universidade Positivo, Roberto di Benedetto, o resul-
tado da pesquisa indica o reflexo de uma profissão que permite a escolha de várias atuações
profissionais, alémdeoferecer conhecimentos úteis paraprofissionais quedesejemmigrar para
quaisquer outras áreas. Segundo ele, existem no
Brasil mais de 1,2 mil cursos em atividade, atualmen-
te. Só na capital paranaense são 17 instituições que
oferecem o curso, mas apenas 3 delas são universi-
dades. De acordo com o reitor da UP, José Pio Mar-
tins, “acadaano, pelomenos80mil novosbacharéis
emDireito se formamno país”, calcula. Atualmente,
são 940 mil advogados e mais de 1,5 milhão de ba-
charéis que aguardamuma aprovação no exame da
ordem. Por outro lado, Pio Martins observa que os
vestibulandos estão se mostrando muito mais pre-
ocupados em fazer a escolha certa da profissão que
empassar no vestibular.
Juiz federal Sérgio Moro
Ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa
Reitor da Universidade Positivo, José
Pio Martins